(dados cedidos por parentes e amigos, desconhece-se o autor da crônica.)

Sempre bem humorada, disposta e demonstrando uma felicidade que, intimamente, não devia sentir, Helena Nasser nunca deixou transparecer na face sua infância orfã, triste e sofrida, criada e educada pela caridade de uma parenta, esta por sua vez, também infeliz, Helena Nasser, talvez por esse motivo, fez de sua vida um eterno demonstrar de felicidade e de alegria. Perto dela, ninguém poderia se entristecer ou se deprimir.
Helena Nasser foi professora durante mais de 40 anos. Embora não demonstrava mágoa ou desespero, ela nunca pôde entender tudo aquilo que lhe poderia beneficiar era tão difícil de ser obtido. Na sua vida profissional, a cordial professora nunca entendeu por que foi tão difícil aposentar-se, quando, já cansada e tendo muito ultrapassado o tempo regulamentar de serviço, via seus pedidos indeferidos pelo Governo do Estado. Helena Nasser, após mais de 40 anos de serviço, aposentou-se como quem recebe um favor de governante bondoso.
Na adolescência, como uma forma de livrar-se da crueldade do mundo, optou pela reclusão da vida religiosa, mas foi retirada à força do convento, em Uberaba-MG, por familiares inconformados.
Amando Formosa como sua cidade natal, Helena Nasser, por força das circunstâncias, foi levada a residir em outros lugares. Por onde passou (Vianápolis, Anápolis, …), a mestra deixou só amigos. Estes foram as sua riqueza, pois, nunca teve nada. Ela sempre foi apenas uma professora de escola pública – dessas sempre desprestigiadas e desvalorizadas pelos governos. Depois dos anos de escola paroquial, em Formosa, foi servidora da Secretaria de Educação do Estado de Goiás e da Prefeitura Municipal de Anápolis.
Manipulando a sua pobreza quase franciscana, soube ela dividir entre todos o pouco que conseguia obter. Com uma humildade tranquila e aparentemente feliz, repartiru com aqueles que dela se aproximavam até alegria que não deve ter conseguido para si mesma. Parentes, amigos, conhecidos, ela os consolou a todos, participando com eles, despojadamente, de todas as tristezas, mas nunca exigiu ser consolada. Ela parecia nunca precisar de consolo.
Mestra Helena nasceu em Catalão-GO, no dia 15 de julho de 1911, neste mesmo dia, foi de lá retirada para não mais retornar. Mestra Helena orgulhava-se de seu filho e de seus netos. E morria de amores pelos sobrinhos que a veneravam.

A cidade que adotou a pequena orfã desprotegida e triste foi por ela escolhida para ser o seu lar, para sempre. Quis Helena Nasser jazer sob o luar claro da antiga cidade das serenatas; quis regredir a vestir de novo o uniforme “xadrezinho” do velho colégio das dominicanas. Quis eternizar-se cercada de ex-alunos, de parentes queridos, de amigos.
Quis Helena Nasser ser pó na poeirenta Formosa que não mais verá bailes nem teatros como aqueles que ela organizou outrora.
Que exemplo de vida! Existe um relato da escritora Ilda Curado, irmã de Bernardo Élis, sobre uma visita que fez à cidade de Formosa em setembro de 1939, quando viu Helena Nasser declamar numa festa.
ResponderExcluirMuito bom conhecer sua biografia.
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